terça-feira, 1 de maio de 2012

A PROBLEMÁTICA DA MOBILIDADE URBANA


MOBILIDADE URBANA
Ultimamente muito se fala em mobilidade urbana e em resolver os problemas ocasionados pelo excesso de veículos em circulação, especialmente nas metrópoles.

Afinal, o que é mobilidade urbana?
Quando se fala em mobilidade urbana, logo se pensa em um sistema de transporte por ônibus ou trem. É importante ressaltar que ao se falar em sistema de mobilidade urbana moderna, envolve todo um processo de estruturação e adequação da malha urbana de uma cidade, visando absorver em suas vias e espaços circuláveis, a quantidade de veículos necessários e suficientes para atender à demanda de locomoção da população. Não se trata de um sistema atendido somente por ônibus, mas todos os outros meios convencionais de locomoção.

Quando uma cidade proporciona mobilidade à população, oferece as condições necessárias para o deslocamento das pessoas. Em outras palavras, ter mobilidade é conseguir se locomover com facilidade de casa para o trabalho, do trabalho para o lazer e para qualquer outro lugar onde o cidadão tenha vontade ou necessidade de estar, independentemente
do tipo de veículo utilizado. Portanto, o conceito não deve ser confundido com o direito de ir e vir preconizado pela Constituição. Ter mobilidade urbana é pegar o ônibus com a garantia de que se chegará ao local e no horário desejados, salvo em caso de acidentes, por exemplo. É ter alternativas para deixar o carro na garagem e ir ao trabalho a pé, de bicicleta ou com o transporte coletivo. É dispor de ciclovias e também de calçadas que garantam acessibilidade
aos deficientes físicos e visuais, e é também, utilizar o automóvel particular quando lhe convir, sem ficar preso nos engarrafamentos, e sem comprometer o seu horário gasto no trajeto.


O que fazer nas grandes cidades?
Com o aumento populacional, na maioria das vezes as cidades não são bem projetadas, crescem sem planejamento do seu espaço físico, e aí surgem os grandes problemas de deslocamento para a população.

Muitas cidades nasceram em locais de condições geográficas difíceis, e, pela falta de planejamento, surgem ruas de difícil acesso, além disso, em virtude da baixa condição econômica e falta de moradias, surgem as “invasões e favelas”, tão presentes nas grandes cidades. Tudo isso gera para a administração pública um sério problema: a gestão da mobilidade urbana.

Hoje, as condições de transporte e circulação das pessoas nas cidades, têm se tornado um grande problema para a sociedade e objeto de grande preocupação para os gestores, sendo também alvo de inúmeros debates entre os poderes constituídos, a sociedade civil organizada e organizações Não governamentais.

Essa problemática, requer urgente, estudos e medidas concretas, com investimentos bem planejados, visando a utilização de sistema eficiente para que proporcione ao cidadão as condições adequadas de locomoção.

Em um artigo escrito por Eduardo Alcântara de Vasconcellos, vejamos  exemplos de como  algumas cidades que há muitos anos resolveram seus problemas de mobilidade urbana:


Planejamento
A divisão do espaço de circulação é uma das três técnicas mais relevantes de intervenção sobre o espaço que têm impacto direto nas condições de transporte e circulação. As demais técnicas são o planejamento urbano e o planejamento de transportes.
O planejamento da circulação define como a estrutura viária será utilizada pelas pessoas e veículos. Ela envolve quatro atividades relacionadas: a legislação, que define as regras de utilização das vias e calçadas (Código de Transito); a fiscalização, que controla o respeito às leis de trânsito ; a educação que define como as pessoas serão treinadas para usar o sistema viário; e a engenharia de tráfego, que define o esquema de circulação.

A Engenharia de Transporte
A engenharia de tráfego é a fase da engenharia de transportes que trabalha com o planejamento, projeto geométrico e operação de trânsito das estradas, vias e calçadas, suas redes, terminais, terrenos lindeiros e seu relacionamento com outros modos de transporte.
A engenharia de transportes, por sua vez, é definida como a aplicação de princípios científicos e tecnológicos ao planejamento, projeto funcional, operação e gestão de equipamentos para qualquer modo de transporte, de forma a promover um movimento seguro, rápido, confortável, econômico e ambientalmente compatível de pessoas e mercadorias.

Transporte coletivo integrado e bem planejado é prioridade
Um dos principais desafios das cidades, em qualquer lugar no mundo, é a organização do sistema de transporte. O direito de “ir e vir” de todos os cidadãos nem sempre é respeitado.
Veja como funcionam alguns dos melhores sistemas de Transporte Urbano Coletivo no Brasil e no mundo:

Curitiba

Curitiba é considerada uma das mais beml planejadas cidades brasileiras. Segundo o arquiteto e urbanista Ricardo Blindo, assessor da presidência do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), todo o sistema de transporte da cidade e as políticas urbanas em geral foram pensados e estão sendo executados sob a filosofia da priorização das escalas humana, ambiental e de mobilidade coletiva. “São cerca de 72 quilômetros de pistas exclusivas para ônibus e aplicamos a política da ‘tarifa social’, com linhas integradas que permitem diversos trajetos com o pagamento de uma única passagem”, comenta.
A partir de 1974, Curitiba passou a dispor do Sistema de Ônibus Expresso, o chamado metrô de superfície. Trata-se de uma solução inédita para ligação entre o centro e os bairros por vias exclusivas. Assim foi criado o sistema trinário de vias, que tem ao centro uma canaleta exclusiva para o Expresso, ladeada por duas vias de tráfego lento, em sentidos opostos. Paralelamente existem ainda duas ruas de tráfego rápido. A canaleta possibilita o aumento da velocidade média dos ônibus sem comprometer a segurança dos passageiros. Implantado nos anos 70 com a preocupação de privilegiar o transporte de massa, o sistema é reconhecido por aliar baixo custo operacional e serviço de qualidade. A tarifa é paga antecipadamente, na própria estação, dispensando-se a presença do cobrador no interior do coletivo. Os veículos percorrem os trajetos em menor tempo, dispondo de estações-tubo a cada 800 metros, em média.

Os avanços sociais marcam a história recente do transporte coletivo curitibano. Em 2005, o prefeito Beto Richa determinou o enxugamento de despesas do sistema e o corte de dez centavos na tarifa, reduzida para R$ 1,80. Também foi criada a tarifa domingueira, que custa apenas R$ 1, e garante o lazer e o convívio social das famílias de baixa renda. Hoje 2 milhões de passageiros utilizam diariamente o Sistema Integrado de Transporte Coletivo, composto por 1980 ônibus, que atendem 395 linhas.



Seul
Nos dois anos em que morou em Seul, o brasileiro Virgílio Lamaignere foi um usuário assíduo do transporte público. Dava aulas de inglês em domicílio e cruzava a cidade várias vezes por dia. “Usava mais metrô que ônibus, mas de todo jeito a viagem não chegava a uma hora”, lembra.

Muito tempo? Seul é a sétima maior cidade do mundo, e quase metade dos 22 milhões de habitantes da área metropolitana tem carro. Tanta concentração de automóvel e de gente deixa o trânsito lento, capaz de tirar do sério o mais zen dos orientais.
Mas o brasileiro deu sorte. Ele chegou a Seul em 2007, quando a capital da Coreia do Sul já era referência em transporte público e o sistema integrado de metrô e ônibus, lançado três anos antes, permitia ao usuário circular pela cidade com rapidez, deixando para trás uma legião de motoristas paralisados em engarrafamentos quilométricos.



Mudança
A virada do transporte público de Seul começou no dia primeiro de julho de 2004, data em que o então prefeito e hoje presidente sul-coreano Lee Myung-Bak lançou o novo sistema, baseando-se em três pontos: construção de corredores de trânsito rápido para ônibus, coordenação dos serviços de ônibus e de metrô e integração dos sistemas de tarifas e de bilhetagens entre as rotas.

Além disso, todas as 400 linhas de ônibus foram divididas em quatro grupos, identificados por cores.
Os azuis fazem rotas de longa distância e de forma expressa, conectando um subúrbio a outro e esses ao centro.
  • Os veículos verdes cumprem trajetos dentro da região metropolitana e alimentam as estações de metrô e os pontos de ônibus expressos.
  • Os amarelos trafegam dentro do centro de Seul;
  • E os vermelhos são destinados a viagens de longa distância, conectando as cidades satélites ao centro da capital sul-coreana.

E para atender à fixação dos coreanos por tecnologia, todos os veículos têm GPS, o que permite às autoridades monitorarem a velocidade e a localização dos ônibus. As informações são repassadas via celular e em tempo real para o usuário, que do Iphone – a loja virtual da Apple tem até um aplicativo só para o transporte público de Seul – pode saber quanto tempo falta para o ônibus chegar ao ponto e qual a melhor rota ou conexão escolher.


Além da pontualidade, o sistema de tarifas e bilhetagem é outra vantagem para o usuário, que paga a passagem de ônibus e de metrô com cartão magnético. Todo esse sistema de ônibus está integrado ao metrô, cujas dez linhas somam 286 quilômetros, interligam 265 estações e transportam 4,4 milhões de pessoas por dia, muitas delas de outros países.
http://blogmundopossivel.com.br/?p=1608

Nova Yorque
O padrão de grade de Manhattan e o sistema de transporte público extensivo faz desta uma das cidades mais fáceis de se usar o transporte público no mundo – e ele é realmente usado.


O montante massivo de residentes e visitantes em NY ocupam cada avenida do sistema de transporte. Aproximadamente 3,8 milhões de passageiros diariamente viajam no transporte público, que opera 24 horas por dia, todos os dias. Da mesma forma que as calçadas estão constantemente apinhadas de pessoas, carros tomam conta de cada rua na cidade que nunca dorme.

A Manhattan Transportation Authority (Autoridade em Transportes de Manhattan) – MTA, é o órgão responsável por todo o transporte necessário em Nova York. Metrôs, ônibus e trens provêm 2,6 bilhões de viagens por ano para os nova-iorquinos, equivalendo a 1/3 de todo o serviço de trânsito em massa dos Estados Unidos e 2/3 de todas as linhas de trem urbanas.
As pontes e túneis do MTA carregam mais de 300 milhões de veículos por ano. É a maior rede norte-americana de transporte e serve a uma população de 14,6 milhões de pessoas numa área de 5 mil m².

Curiosidade sobre o Transporte Urbano

Em 1662, com uma licença do rei Luis XIV para explorar cinco rotas com carruagens, Blaise Pascal definiu os primeiros conceitos que iriam nortear o serviço de transporte público coletivo. Na sua empreitada, o serviço deveria cumprir os seguintes critérios:
  • Os carros iriam seguir o mesmo trajeto de um ponto a outro;
  • As saídas obedeceriam horários regulares, mesmo sem passageiros;
  • cada ocupante iria pagar apenas por seu lugar, independentemente de quanto lugares ocupados nos carros;
  • A rota ao redor de Paris seria dividida em cinco setores, a tarifa de cinco centavos permitiria cruzar apenas para mais um setor. Além disso, deveria ser paga uma nova tarifa.
  • Não seria aceito ouro como pagamento, a fim de evitar atrasos.

Observe as estas leis. São de 1662. Parecem familiares a você? ;)

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POSTADO POR DANIEL ISAIAS

Um comentário:

  1. Enfrentamos diversos problemas quanto à mobilidade urbana.
    Muitas vezes os investimentos são feitos de forma errada, não trazendo os beneficios esperados. As soluções viáveis não são tomadas, e a sociedade continua enfrentando os problemas.

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