quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

RECUPERAÇÃO DA BUSSCAR

Busscar mantém produção até no Carnaval
Mesmo com Plano de Recuperação sendo contestado, encarroçadora diz que receberá R$ 25 milhões para lote de 52 ônibus

POR: CANAL DO ÔNIBUS

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Capítulos tristes, fatos preocupantes e ao mesmo tempo esperança e notícias positivas.
É assim que pode ser descrita a “novela” do Caso Busscar, uma das maiores encarroçadoras de ônibus do País que enfrenta uma crise desde 2008 e acumula dívidas de cerca de R$ 700 milhões diretamente, isso sem contar outros encargos como os débitos fiscais, que elevariam o montante para R$ 1,3 bilhão.

A empresa que chegou a estar no topo de produção de modelos de ônibus rodoviários e urbanos e até se interessou por comprar outras encarroçadoras, no caso a Incasel, em 1983, quando a Busscar ainda se chamava Nielson, recebeu uma oportunidade para não ter a falência decretada, ao conseguir que a Justiça permitisse a apresentação de um plano de recuperação.

Apesar de ter índices positivos, o plano não convenceu a todos. O Sindicato dos Mecânicos de Joinville ingressou na 5ª Vara Cível, com uma representação contra o plano de recuperação. A entidade não concorda com os descontos sobre os valores dos débitos e duvida os números projetados pela Busscar em relação à produção e faturamento.
A Busscar, no entanto diz que está produzindo, e que a recuperação é possível.
Poucos empregados, em comparação aos cerca de 5 mil que a empresa teve, estão atuando. Mas neste Carnaval não houve folga para os funcionários. A Busscar já recebeu desde o início do plano de recuperação judicial 52 encomendas, o que rendeu cerca de R$ 25 milhões, como revela uma matéria do Jornal Notícias do Dia:

PRODUÇÃO DA BUSSCAR VOLTA A GANHAR RITMO EM JOINVILLE:


Texto abaixo do Notícias da Manhã:

“É bonito de se ver”, diz o administrador judicial do Grupo Busscar, Rainoldo Uessler, sobre a retomada da produção na unidade de ônibus. De fato, ao visitar as linhas de fabricação da empresa, até o mais incrédulo na recuperação judicial do grupo se impressiona com o ritmo de trabalho de cerca de 500 funcionários que foram chamados de volta à ativa.

O momento é tão bom que a empresa mantém as atividades até neste período de Carnaval, para conseguir entregar os pedidos no prazo. Segunda-feira (20/2), terça-feira (21/2) e quarta-feira (22/2) os trabalhadores vão trabalhar normalmente e receberão como dias normais.

A Busscar recebeu 52 encomendas de ônibus desde a decretação da recuperação judicial, em 31 de outubro de 2011. Os trabalhadores se empenham em turno único, das 7h às 16h, com uma hora de intervalo para o almoço.
Novos pedidos estão em negociação e a expectativa da empresa é fechar mais negócios nos próximos meses. Um deles é o Projeto Guatemala, no qual a Busscar deve faturar R$ 130 milhões para produzir 800 ônibus. De acordo com Uessler, problemas burocráticos estão sendo resolvidos e o projeto está caminhando. “Faltam resolver alguns detalhes, mas a expectativa do negócio ser fechado é grande”, afirma.
Com os pedidos atuais, que envolvem de micro-ônibus a modelos Double Decker - que possuem dois pisos -, a Busscar deve arrecadar em torno de R$ 25 milhões, valor ainda longe do que a empresa precisa para ganhar o ritmo de antes da crise. Boa parte desse valor ainda deve ser usada para o pagamento de salários e mais matéria prima. A Busscar projeta que seriam necessários R$ 100 milhões de fluxo de caixa para a empresa conseguir se
recuperar. A previsão do grupo, em seu plano de recuperação, é fabricar 1.818 ônibus só neste ano.
A retomada da produção foi possível graças à venda de um terreno que pertencia ao grupo. Com os R$ 6,2 milhões que foram arrecadados, a Busscar conseguiu dar o primeiro passo para sair da crise. “Muitos outros pedidos estão em negociação e as dívidas também estão sendo negociadas, por isso temos convicção de que a Busscar conseguirá se recuperar, deixando a crise no passado”, afirma Clóvis Squarezi Mussa de Moraes, advogado da ERS Consultoria & Advocacia, que tem atuado em Joinville na recuperação da Busscar. Euclides Ribeiro Junior, sócio da ERS, tem permanecido mais em São Paulo, onde negocia as dívidas e novos pedidos.
A Busscar ainda mantém cerca de 1.100 funcionários contratados. A empresa chegou a ter em torno de 3.500 antes da crise.
O logotipo sem estrelas, de linhas retas e cores neutras, foi repaginado para que haja uma proposta de modernidade, elegância e sobriedade. E, semelhante ao desenho simples de sua nova identidade visual, a Busscar está retomando aos poucos a sua produção. Ontem, após quase 60 dias desde a encomenda, a empresa finalizou o primeiro dos 14 ônibus pedidos pela Gidion e Transtusa após o início do processo de recuperação judicial da companhia, feito em novembro do ano passado.

Cerca de 450 pessoas estão trabalhando na fábrica – número distante dos quase cinco mil funcionários que a empresa chegou a ter antes de sua crise. A maior parte dos veículos que estão sendo produzidos são ônibus urbanos, mas também há uma pequena movimentação na linha de rodoviários. Ao todo, a Busscar tem mais de 50 pedidos confirmados e continua em negociação com outras companhias, explica o gerente financeiro Claudinei Fodi.

Texto Inicial: Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Texto do Jornal Notícias do Dia: Larissa Guerra

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

FOTO1: Funcionários da Busscar trabalharam no Carnaval. Empresa diz que está se empenhando para atender os pedidos que desde quando foi instituída recuperação judicial somam 52 ônibus, que renderam R$ 25 milhões, de acordo com a encarroçadora. Recuperação judicial é contestada pelo Sindicato dos Mecânicos de Joinville que duvida das propostas da empresa e não concorda com os descontos nos débitos. A dívida direta da Busscar se aproxima de R$ 700 milhões.
FOTO 2: Modelo Urbanuss Pluss, que foi muito requisitado pelo mercado de urbanos, na época que a empresa não enfrentava a crise que se desdobrou em 2008, voltou a ser produzido. Empresa tem esperança em plano de exportação para a Guatemala, previsto pelo BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

CRÉDITOS DESTA MATÉRIA:CANAL DO ÔNIBUS

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