quarta-feira, 29 de agosto de 2012

CAI NUMERO DE PASSAGEIROS DE ONIBUS EM SÃO PAULO

É a primeira queda desde a criação do Bilhete Único em 2004. Número de usuários do metrô vai crescer, mas haverá migração do transporte público para o individual
ADAMO BAZANI – CBN
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Menos pessoas estão viajando de ônibus urbanos na Capital Paulista, de acordo com levantamento feito pela SPTrans – São Paulo Transportes, autarquia responsável pelo gerenciamento dos serviços na cidade.

A queda, no entanto, é pequena: 0,6% no acumulado dos sete primeiros deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. É a primeira redução no número de pessoas transportadas desde a criação do Bilhete Único que permite até quatro viagens de ônibus num período de três horas pelo valor da mesma tarifa ou integrações com os sistemas de metrô e trem.

Até julho deste ano, as empresas e cooperativas de ônibus de São Paulo transportaram 1 bilhão 679 milhões 326 milhões e 12 passageiros contra 1 bilhão 686 milhões 606 mil 414 passageiros de janeiro a julho de 2011.
O jornal O Estado de São Paulo conseguiu da SPTrans um estudo que mostra que apesar de a queda ser baixa ela revela uma tendência. O número de passageiros de ônibus deve cair 27%.

A gerenciadora de ônibus comemora a queda do total de usuários de ônibus porque diz que boa parte dos passageiros tem migrado para o metrô, o que deve se fortalecer nos próximos anos. Em 2015, o número de pessoas que usam metrô na cidade de São Paulo deve ultrapassar os passageiros de ônibus e em 2012, de acordo com esse estudo, serão 16,5 milhões de viagens no sistema metroferroviário contra 7,8 milhões nos ônibus. Hoje são 9,8 milhões de viagens nos ônibus contra 7 milhões no metrô. Ocorre que para o deslocamento em metrô, boa parte dos usuários acaba fazendo mais viagens para chegarem ao mesmo destino por causa das integrações em comparação aos deslocamentos que faziam só com ônibus.

NÃO É SÓ O METRÔ RESPONSÁVEL PELA MIGRAÇÃO DE PASSAGEIROS:
O que a SPTrans comemora até com ares de vitória, oculta um problema revelado em seu próprio estudo. A queda no número de passageiros dos ônibus não é só por conta da migração para o metrô. Isso porque, mesmo com a conclusão de todas as obras de expansão, o metrô não vai ainda poder atender a todas as regiões da cidade.

A própria SPTrans calcula que o número de pessoas que usam o transporte individual vai continuar crescendo. Um dos principais motivos é justamente ainda a dificuldade para se chegar ao metrô, serviço que é de responsabilidade da SPTrans e que precisa melhorar os atendimentos por ônibus dos bairros até as estações, com corredores exclusivos e melhor gerenciamento.

O superintendente de Planejamento de Transporte da SPTrans, Laurentino Junqueira, disse ao O Estado de São Paulo, que a região metropolitana possui uma “frota reserva” de carros na ordem de 3,5 milhões. Ele calcula que com a melhoria do trânsito em algumas vias, muitos que usam o transporte público vão se sentir encorajados a deixar o sistema e fazerem seus deslocamentos diários com carros o que vai anular o benefício inicial da melhoria do trânsito.

Laurentino Junqueira compara São Paulo a Tóquio, mesmo sem considerar suas diferenças geográficas, econômicas e sociais, e diz que na cidade japonesa, 60% dos deslocamentos são feitos de metrô, 35% de carros e 5% de ônibus.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

FOTO:Número de passageiros de ônibus na Capital Paulista caiu pela primeira vez desde a criação do Bilhete Único em 2004. A gerenciadora dos ônibus comemorou a queda de passageiros de ônibus e fala em migração para o metrô. Estudo da própria SPTrans, no entanto, revela que mais pessoas vão usar carros de passeio para os deslocamentos.

sábado, 4 de agosto de 2012

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Marcopolo incentiva a participação dos filhos na rotina dos pais com visita à fábrica

Dia Especial é uma iniciativa da empresa e da Fundação Marcopolo que proporciona um clima familiar na indústria
ADAMO BAZANI – CBN
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diaespecial
Todo garoto tem o pai como ídolo e super herói. Assim como ocorre com a mãe também.

No entanto, mesmo com essa admiração, muitas crianças acabam tendo uma noção distante do dia a dia dos pais, sabendo às vezes algum detalhe por ouvirem falar.

Para trazer o clima da família para dentro da empresa e incentivar o gosto dos pequenos pelas atividades dos pais, a Marcopolo e a Fundação Marcopolo abrem as portas da fábrica de carrocerias de ônibus no Sul e no Sudeste.

O programa é chamado Um Dia Especial na Marcopolo e este ano foi dedicado aos trabalhadores da Unidade Ana Rech, no Rio Grande do Sul, e Ciferal, no Rio de Janeiro.

Foram 370 crianças que aproveitaram o dia, durante suas férias escolares, para conhecerem algo novo para elas.

Se uma indústria pode fascinar qualquer adulto pela sua grandiosidade, imagine o que pode despertar de positivo em uma criança.

Oficina de música, atividades relacionadas à arte em geral, vídeos de apresentação e uma volta pelos principais setores da empresa fazem parte da programação que inclui ainda a distribuição de brindes, como camisetas e copos temáticos.

As crianças foram recebidas pelo presidente emérito da Marcopolo, Paulo Bellini, e o diretor Valter Gomes Pinto.

Mais atividades como esta serão realizados nas férias de verão.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

FOTO:Crianças participaram do Dia Especial na Marcopolo, que procura, entre outras coisas, deixar o clima na fábrica de carrocerias mais familiar e apresentar e cultivar o gosto dos pequenos pelas atividades dos pais. Foto: Júlio Soares
TAGS:Marcopolo, Dia Especial na Marcopolo, Fundação Marcopolo, transportes, Paulo Bellini, Valter Gomes Pinto, presidente emérito da Marcopolo, diretor da Marcopolo, Ana Rech, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Ciferal, Resende, Rio de Janeiro, participação dos filhos na vida dos pais, Adamo Bazani, Blog Ponto de Ônibus, bus

CONTROLE DE JORNADA DOS MOTORISTAS

TRANSPORTE DE PASSAGEIROS:
relax studioAs associações que representam as empresas de transportes de passageiros dizem que apesar de terem de fazer algumas adequações, as jornadas de trabalho dos condutores de ônibus não se diferem muito das exigências impostas pela lei que regulamenta a profissão de motorista.
Em sua maioria, com exceções logicamente onde ainda há abusos, a carga horária dos motoristas de ônibus é respeitada. Mesmo assim, ocorrem casos de dupla jornada nas estradas ou prolongamento do tempo de trabalho.
As companhias de ônibus dizem que os casos de extrapolação de jornada ocorrem quando há fatos que fogem do controle de empresas e trabalhadores, como congestionamentos e problemas que atrasam a viagem.
Algumas empresas de ônibus dizem investir na medicina do sono.
A Viação Itapemirim, usando o Tribus da empresa, montou um modelo de ônibus destinado para os motoristas descansarem e até tirarem um cochilo reparador: trata-se do Relax Studio, num projeto que foi realizado de forma experimental.
O objetivo não foi só fazer os motoristas dormirem um pouco no ambiente do ônibus, composto por salas com iluminação relaxante. Afinal, poucos ônibus não dariam conta de todos os funcionários da empresa que atuam espalhados em quase todo o País. Mas acima de tudo, a intenção foi conscientizar o motorista para ter hábitos saudáveis e saber da importância de uma boa quantidade e qualidade de sono.
O Relax Studio possui uma luz que direcionada ao motorista pode provocar um relaxamento e tirar o cansaço do sono, recuperando assim em cinco minutos, o estado de alerta do profissional por mais uma hora e meia ou até duas horas.
A Viação Águia Branca realizou um programa destinado aos motoristas com o médico Sérgio Barros, pós-graduado em Medicina do Sono em Paris.
Ele garantiu que o número de acidentes graves caiu e que os resultados surpreenderam até especialistas internacionais.
De acordo com pesquisas sobre motorista e sono, depois de uma hora e meia ao volante, a atenção e o rendimento começam a cair aos poucos, mas até 3 horas de volante é possível dirigir com segurança. Depois deste período, uma pausa adequada entre 15 minutos e meia hora é recomendável.
A empresa também possui salas de recuperação para que os motoristas relaxem o máximo possível.
Iniciativas como da Itapemirim e da Águia Branca ainda não são comuns em outras empresas de ônibus. Mas são exemplos, já que as duas companhias disseram que os valores investidos valem a pena pela redução do número de acidentes, indenizações, problemas mecânicos decorrentes de operação inadequada dos ônibus por conta do cansaço, além de fortalecerem a imagem das empresas junto aos passageiros.
No caso dos caminheiros, em especial os autônomos, há pouco respaldo e condições para as paradas para o descanso.
Eles reclamam de falta de locais seguros para encostarem e das más condições de hotéis e pousadas, o que não propicia descanso suficiente e possibilidade de cumprir as exigências da nova lei que regulamenta a profissão de motorista.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

FOTO 2:Empresas de ônibus dizem que têm menos dificuldades para seguirem a lei que regulamenta a profissão de motorista pelo fato de boa parte das companhias, com exceções, estipularem jornadas de trabalho que não diferem muito da nova legislação que hoje é um dos motivos da greve dos caminhoneiros. Algumas empresas levam a questão da medicina do sono a sério e desenvolvem programas voltados para a saúde e descanso dos trabalhadores, como a Viação Itapemirim e a Viação Águia Branca.

EMPRESÁRIOS ESTARIAM INCENTIVANDO GREVE DE CAMINHONEIROS

Representantes de duas confederações dizem que caminhoneiros estão sendo usados pelos empresários
Fernando César Oliveira - Repórter da Agência Brasil
Fábio Massali – Editor do MSN Notícias
Adamo Bazani – Rádio CBN-SP
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caminhoneiros
Curitiba - Dirigentes de duas confederações nacionais de trabalhadores da área de transporte afirmam nesta sexta-feira à Agência Brasil que as manifestações de caminhoneiros em rodovias brasileiras, iniciadas na última quarta-feira, 25 de julho, Dia do Motoristra, têm a participação direta de empresários, o que indicaria a ocorrência de locaute (greve patronal).

'Essa greve não é dos trabalhadores. É dos empresários, é locaute', afirma o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes (CNTT), filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), Paulo João Estausia. 'Donos de empresas e sindicatos patronais de todo o país estão mobilizados apoiando essa paralisação.'
O Artigo 17 da Lei Federal 7.783, em vigor desde 1989, proíbe a paralisação de atividades por iniciativa do empregador. 'Já identificamos, em algumas regiões, empresas que estão forçando seus motoristas a parar os caminhões nas rodovias', diz Epitácio Antônio dos Santos, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Terrestre (CNTTT). 'Os motoristas que são funcionários devem denunciar eventuais pressões aos seus sindicatos e não dar um tiro no próprio pé entrando na onda dos empregadores.'
Santos diz que a entidade pretende denunciar essas empresas ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e à Justiça. 'Elas estão iludindo os trabalhadores, querem manter o status de antes, com os motoristas rodando de 15 a 20 horas por dia, morrendo e se drogando para se manter ao volante. Locaute é crime.'
Site patronal - Em uma postagem publicada no dia 20 de julho, o site do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Rio Grande do Sul, por exemplo, demonstra apoio à 'greve geral' dos caminhoneiros. 'A entidade que representa as empresas de transporte e logística entende que o movimento é justo', diz mensagem do sindicato patronal.
Para o presidente da CNTT, os empresários do setor estão usando os trabalhadores para manter seus custos reduzidos e não abrir novos postos de trabalho. 'As empresas estão impondo essa paralisação, dizendo que os funcionários estão descontentes, o que é mentira. Elas [as empresas] é que não querem contratar mais motoristas para trabalhar em dupla, não querem cumprir a lei', disse Estausia. 'A falta de estrutura nas rodovias não é razão para os trabalhadores atacarem uma lei que trouxe benefícios históricos à categoria.'
Reivindicações dos protestos - Entre as reivindicações do Movimento União Brasil Caminhoneiro, que lidera os protestos, está o adiamento por um ano da vigência da Lei Federal 12.619. O movimento alega que as exigências impostas pela lei são 'inviáveis por falta de infraestrutura nas estradas'.
Sancionada em abril deste ano, a lei tornou obrigatório, desde o final de junho, o controle de jornada de todos os motoristas que trabalham no transporte rodoviário de cargas e passageiros.
Conforme a nova legislação, os motoristas devem fazer uma jornada de trabalho de oito horas diárias, com no máximo duas horas extras, além de uma pausa de trinta minutos a cada quatro horas trabalhadas. A lei alterou artigos da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e do Código de Trânsito Brasileiro. Os profissionais que não cumprirem as regras poderão ser multados pela Polícia Rodoviária Federal.
Edição: Fábio Massalli
Agência Brasil

ONIBUS DOUBLE TRANSPORTA JUDOCAS

Veículo que transporta atletas que agora estão em Londres já segue as novas determinações de redução de poluição além de ter sala de reuniões e espaço de convivência no primeiro piso
ADAMO BAZANI – CBN
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Onibus Scania_CBJ_2012
Se o judô é um esporte que exige imponência, força e técnica, a equipe brasileira está bem no quesito transportes.
São justamente todas estas características presentes no ônibus de dois andares que atende os atletas da delegação brasileira, muitos representando o País nas Olimpíadas 2012 de Londres.

O veículo é fruto de uma parceria entre a Scania, montadora de veículos, e a CBJ – Confederação Brasileira de Judô.

O acordo entre a fabricante e a entidade esportiva começou em 2007, com os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro e vai até 2016, nas Olimpíadas também sediadas no Rio. Os veículos são constantemente renovados.

A imponência, a força e a técnica são atributos fáceis de serem reconhecidos.

O ônibus chama a atenção pelo seu porte. O veículo atual, com carroceria Marcopolo Paradiso 1800 DD, de dois andares, tem um design moderno e um porte impressionante, com quatro eixos, dois na frente e dois traseiros.

Por dentro, o ônibus também chama a atenção. O andar superior conta com poltronas semi-leito, monitores de TV LCD, tomadas para carregamento de celulares e notebooks e itens de conforto, como defletores individuais de ar condicionado e luz de leitura de led, que ilumina melhor.

No primeiro andar, uma ampla área de convivência permite conforto aos atletas e funcionalidade para a comissão técnica.

Há sala de reuniões e equipamentos como TV de Led, DVD Player, Blu-ray e frigobar.
Em relação à técnica, o veículo possui freios ABS, sistema de proteção contra tombamento, válvula de segurança de freio de estacionamento, sistema hidráulico de freio auxiliar Retarder da Scania, que está na segunda geração.

O ônibus já segue a nova lei de restrição à emissão de poluentes da fase P 7 do Proconve – Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, com base nas normas Euro V.

Pela lei, em vigor desde janeiro deste ano, os veículos pesados a diesel devem emitir 80% menos de monóxido de carbono e 60% de óxidos de nitrogênio (NOx).

As suspensões dianteira e traseira são de sistema pneumático e o controle de freios EBS oferece mais segurança.

E no quesito força, o ônibus judoca não fica para trás: são 400 cavalos de potência e torque de 2100 Nm, com bom desempenho em baixas rotações, o que permite mais conforto por não haver trancos e transmissão do esforço do motor à carroceria e economia de combustível. O modelo é K 400 - 8 x 2.

O Brasil é representando por 14 atletas que disputam em sete categorias no Judô masculino e sete no feminino. Eles foram selecionados entre 143 esportistas que disputaram 119 competições no Brasil e em outros países da América Latina desde 2007.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

FOTO:Ônibus oficial a serviço da Confederação Brasileira de Judô possui características semelhantes às exigidas dos atletas: força, imponência e técnica. Encarroçado pela Marcopolo, veículo chama a atenção pelo seu porte. Na área técnica, há equipamentos de segurança, de gerenciamento de operação e as novas leis de restrição de poluição são seguidas. A força é outro destaque, o motor tem 400 cavalos e torque de 2100 Nm. Foto: Divulgação Scania.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Prefeitura de Mauá habilita novamente empresas do Grupo de Baltazar José de Souza em licitação na cidade

Decisão, no entanto, fere os princípios de livre concorrência e da proibição de monopólios previstos pela Lei de Licitações e pelo próprio edital de transportes
ADAMO BAZANI – CBN
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O Secretário de Mobilidade Urbana de Mauá, Renato Moreira dos Santos, numa decisão inesperada, habilitou novamente a Empresa de Transporte Transmauá Ltda e a Viação Estrela de Mauá Ltda, do grupo controlado por Baltazar José de Souza, e colocou como vencedora do lote 02 do certame, a Estrela de Mauá, por esta ter oferecido a proposta com a menor tarifa, na ocasião, R$ 1,9564.
A licitação dos transportes em Mauá, que teve início em 2008 e término em 2010, quando a Viação Cidade de Mauá, também de Baltazar, passou a operar o lote 01, e a Leblon Transporte, da família Paranaense Isaak, foram reconhecidas vencedoras da concorrência pública, ainda movimenta os tribunais.
A prefeitura de Mauá disse que a empresa Leblon terá de deixar os serviços em cerca de três meses.
O que, no entanto, poderia ser uma postura técnica da Prefeitura, e um direito judicial de Baltazar de contestar a vitória da Leblon no lote 02 reconhecida pela Justiça, pode esconder algo mais profundo.
Um verdadeiro conluio para que o empresário Baltazar José de Souza continue no monopólio das operações da cidade pode estar por trás das ações do empresário e do poder público.
Isso porque, com exceção da Leblon, todas as empresas de ônibus que participaram da polêmica licitação, são do empresário mineiro Baltazar José de Sousa.
Sendo assim, com o despacho, tanto o artigo 90 da Lei de Licitações como o próprio edital de concorrência foram feridos.
O artigo proíbe a combinação entre empresas e grupos que tirem o caráter de livre concorrência e de competição legítima numa licitação. Assim, se uma empresa de um grupo concorre com outra do mesmo grupo, comete um crime, com pena prevista de prisão inclusive.
E foi o que ocorreu em Mauá.
As empresas que concorreram ao lote 01 foram Viação Cidade de Mauá e Rápido São Paulo Transportes e Serviços Ltda. Ambas de Baltazar. Não tinha como o empresário perder.
Para o lote 02, concorreram Viação Estrela de Mauá Ltda e Empresa de Transporte Transmauá Ltda, de Baltazar, e a Leblon Transporte de Passageiros Ltda.
No lote 01, o conluio funcionou porque não havia outra concorrente legítima. No lote 02, a prática não teve sucesso. Mesmo assim, Baltazar inconformado em perder o monopólio dos transportes na cidade, que detinha há quase 30 anos, tentou por meios jurídicos e outros meios também, como ameaças inclusive ao próprio secretário de mobilidade urbana, Renato Moreira dos Santos, que mudou de postura, retomar seu domínio total das linhas de Mauá.
INDÍCIOS DO CONLUIO:
Quando se fala em conluio, logo se pensa num jargão popular apenas para denominar um acerto com fins pouco legítimos. Mas o termo é usado nos tribunais e o Direito, para o bem da concorrência e de melhores prestações de serviços, tenta combater a prática.
No caso de Mauá, há provas da formação de conluio para a manutenção do monopólio e da ligação entre a Estrela de Mauá, Transmauá, Rápido São Paulo e o pior, Viação Barão de Mauá e Viação Januária, as antigas operadoras de Baltazar antes da constituição.
As novas empresas de Baltazar foram criadas apenas para participarem da licitação. Isso mostra que não tinham a experiência exigida no edital e também pelo fato de a Viação Barão de Mauá e Viação Januária não poderem participar por conta de dívidas trabalhistas e fiscais. O mesmo ocorreu em 2008 com a Viação São Camilo, na licitação de Santo André, Para continuar com as linhas, Baltazar teve de mudar o nome da empresa para EUSA – Empresa Urbana Santo André.
A TransMauá e Estrela de Mauá foram constituídas um mês antes do término da permissão precária da Viação Barão de Mauá e e Viação Januária em 19/04/2006, mas por ineficiência do poder público, a licitação só foi feita dois anos depois.
O primeiro quadro de sócios das empresas era formado por Baltazar José de Souza, a mulher dele, Odete Maria Fernandes de Souza, e os filhos Dierly Basltazar de Souza, Baltazar de Souza Júnior e Dayse Fernandes de Souza.
Os membros da família Baltazar se retiraram da Viação Estrela de Mauá e Transmauá, 04 dias antes da entrega dos envelopes na licitação, mas permaneceram nos registros da Junta Comercial os nomes de Baltazar José de Souza e do filho mais velho, Dierly.
Durante o processo de licitação, vários funcionários de Baltazar, assinavam documentos e retiravam o edital em nome das empresas pleiteantes.
De um dia para o outro, alguns destes funcionários mudavam de empresa. São os casos de Anicesar Antônio de Santana e Vicente de Paula Carvalho, que até o dia 20/05/2008 eram funcionários da Barão e da Januária e a partir do dia seguinte começaram a trabalhar para a Estrela de Mauá e TransMauá.
O valor mais baixo da tarifas apresentado pela Prefeitura de Mauá como justificativa para habilitar a Estrela de Mauá é outro indício de conluio.
No lote 01, onde não houve concorrência de fato, a tarifa apresentada pela Viação Cidade de Mauá foi de R$ 2,5557 e pela Rápido São Paulo de R$ 2,5595.
No lote 02, onde houve concorrência, a tarifa da Estrela de Mauá foi de R$ 1,9564.
A pergunta é como pode numa mesma cidade, com as linhas tendo as mesmas características, haver uma diferença tão grande entre um lote e outro, de cerca de 30%.
A Prefeitura, que antes tinha assumido um papel de governança ao impedir a manutenção do monopólio, estranhamente, em época de eleição, decide fazer o contrário e apresentou poucas justificativas, dizendo que só cumpriu uma decisão, que não pode, na prática anular o resultado de uma licitação considerada legítima.
O Grupo de Baltazar não atendeu as ligações.
Hoje, a Estrela de Mauá está em nome de Anísio Bueno Júnior. Um ex diretor da TAM, Davi Barioni, estaria na presidência da empresa, mas o nome dele não aparece nos registros da Junta Comercial de São Paulo.
Barioni tem ligações com a família Constantino.
Baltazar José de Souza só entrou no ABC Paulista graças ao empresário Constantino de Oliveira, fundador da Gol.
A nota oficial da Leblon segue na íntegra:
“HABILITAÇÃO DE TRANSMAUÁ E ESTRELA DE MAUÁ FERE A LEI DE CONCORRÊNCIAE CONTRARIA O PRÓPRIO EDITAL DE LICITAÇÃO
Em relação ao despacho do Secretário de Mobilidade Urbana deMauá, Renato Moreira dos Santos, publicado no Diário Oficial do Estado, edição de sexta-feira, dia 13 de julho de 2012,o Grupo Leblon Transporte de Passageiros Ltda não recebeu nenhuma notificação direta por parte da Prefeitura ou da Secretaria.
A empresa reitera que venceu de forma legítima a licitação dos transportes na cidade para operar o Lote 02. Esta vitória foi reconhecida por diferentes instâncias judiciais e em nenhum momento houve contestação sobre o direito da Leblon em operar as 18 linhas que formam o lote 02. E a decisão do pedido de suspensão de liminar no STJ, além de estar suspenso diante de embargos de declaração ainda não apreciados pelo referido tribunal, apenas reconheceu que, diante de nova decisão a ser proferida pela Justiça de Mauá sobre a habilitação das empresas do Grupo de Baltazar, não havia necessidade de suspender uma liminar que não mais existia. E, no julgamento da apelação que anulou a sentença que confirmou a inabilitação das empresas de Baltazar (Estrela de Mauá e Transmauá), o acórdão é expresso ao afirmar que "que devem ser respeitados e preservados os efeitos da decisão monocrática e acórdão proferidos pelo E. Superior Tribunal de Justiça nos autos da Suspensão de Liminar e de Sentença n° 1.268-SP, que não são em nada afetados pelo resultado do presente julgamento." E mesmo esse acórdão tem sua decisão pendente de apreciação de Recursos Especial e Extraordinário ao STJ e ao STF.
Portanto, o que é analisado pela Terceira Vara Cível de Mauá é se as empresas Transmauá e Viação Estrela de Mauá poderiam ou não participar da licitação, e mais nada. Além disso, o próprio Prefeito e Secretário que assinam esses atos de uma licitação que já acabou adjudicaram a licitação para a Leblon, assinaram um contrato de concessão e expediram a ordem de serviço para que a empresa investisse mais de R$ 30 milhões no sistema de transporte coletivo de Mauá, colocando 86 ônibus novos para operar no sistema.
E, pior, a habilitação destas empresas do Grupo Baltazar fere o artigo 90 da Lei de Licitações e contraria o próprio edital de Mauá. Ambas estimulam a concorrência e proíbem o monopólio de operação de serviços.
A Estrela de Mauá e Transmauá foram constituídas pelo empresário Baltazar José de Souza, controlador da Viação Cidade de Mauá, que opera o lote 01, e apresentaram endereços, constituição societária,funcionários e até números de telefone em comum, o que indica o monopólio, que já foi vivido por Mauá por cerca de 30 anos, sendo reprovado pela população.
Pela própria Lei de Licitações, jamais poderia ter ocorrido o julgamento concomitante de todas essas fases sem assegurar o direito a defesa da empresa Leblon.
As operações da Leblon em Mauá continuarão normalmente, e, se for necessário, a empresa recorrerá a Justiça para ver garantida a população de Mauá seu direito a um transporte público de qualidade.”
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.
FOTO:Prefeito de Mauá, Oswaldo Dias, do PT. Secretário de Mobilidade Urbana de Mauá, Renato Moreira dos Santos, habilita volta de empresas de Baltazar José de Souza na licitação dos transportes da cidade, que teve fim em 2010, e coloca como vencedora do lote 02, uma das empresas de Baltazar, Estrela de Mauá. Ato, mesmo seguindo determinações judiciais, é considerado uma ação que fere a lei de licitações e o próprio edital que estimulam a livre concorrência e impedem a formação de monopólios. Com exceção da Leblon, todas as outras empresas de ônibus que concorreram criaram um conluio para manter o domínio total de Baltazar sobre todas as linhas de Mauá, já que pertencem ao empresário mineiro.